30 de agosto de 2013

Resenha: O vendedor de sonhos


Um homem desconhecido tenta salvar da morte um suicida. Ninguém sabe sua origem, seu nome, sua história. Proclama aos quatro ventos que a sociedades modernas se converteram num hospício Global. Com uma eloquência cativante, começa a chamar seguidores para vender sonhos. Ao mesmo tempo em que arrebata as pessoas e as liberta do cárcere da rotina, arruma muitos inimigos. Será ele um sábio ou um louco? Este é uma romance que nos fará rir, chorar e pensar muito. 
Autor: Augusto Cury | Altura: 23 cm. | Largura: 16 cm. | Edição : 2008 | Número de Paginas : 296

 Tudo bem, é um livro meio velho, né? Um livro meio velho que eu nunca consegui ler. Eu estudo na frente de uma biblioteca gigantesca (Biblioteca Municipal de Niterói, ta afim de conhecer?), linda, confortável, organizada, quietinha, atualizada e com direito a computadores e café.
 É o paraíso, não é? É sim. Só que por ela ser assim tão divina, ela está sempre muito cheia. Por culpa disso, eu estou a mais de um ano tentando pegar esse livro. Um ano por um livro, cara? Ele tem que ser bom.

"E para os que pensam em pôr um ponto final na vida, procuro vender uma vírgula, apenas uma vírgula."

 O livro é realmente bom! Mas, acho que por eu ter tantas expectativas, não gostei tanto assim. Quer dizer, era completamente diferente do que eu tinha imaginado! Ele te coloca para pensar, te faz sentir bem, te faz sentir mal. Cury é definitivamente um bom autor, que faz jus ao seu sucesso; mas eu ainda esperava mais.
 A história começa com um cara que quer se jogar de um prédio (simples assim, nada que a gente nunca tinha visto. Eu tinha lido só essa partezinha a um tempããão atrás e fiquei interessada para sempre no livro, por culpa do como é escrito). Chamaram a polícia, psiquiatras, tudo o que eles tinham; mas o homem não desistia de se jogar, dizendo que se alguém mais se aproximasse ele se jogava de uma vez.  Já tinha uma multidão lá em baixo, esperando que alguma coisa acontecesse, e até o trânsito estava ferrado por culpa disso. O que essas pessoas estavam esperando lá, cara? Para ver o corpo de alguém esmagado contra a calçada ou para ver ele sair como quem não quer nada? Pessoas que sempre reclamam que não tem tempo ficaram paradas, como estátuas, esperando alguma coisa acontecer. Confesso que se fosse eu, faria a mesma coisa. E não, não gosto de admitir isso.

"Outros nem piscavam os olhos, para não perder detalhes da cena — o ser humano detesta a dor, mas tem uma fortíssima atração por ela; rejeita os acidentes, as mazelas e misérias, mas eles seduzem sua retina."

 Até que sobe ao telhado um homem, meio sujo e descabelado, que diz ter sido convidado para ir falar com o suicida. Com um pouco de relutância, o homem consegue passar e se aproxima do suicida como se fosse a coisa mais natural do mundo. Logo, se senta próximo ao homem e devora um sanduíche com tanto prazer que faz Júlio César, o suicida, ficar assustado. Mas não se compara ao que está por vir: o maltrapilho debate por longos minutos com o suicida e o convence não só de não pular, mas de o seguir, pois ele irá o apresentar um estilo de vida maravilhoso.
 Nada de "a vida é bela!" nem de "você é jovem, isso passa". O mestre, como Júlio César logo passa a chamar o homem maltrapilho, usa suas próprias palavras e filosofias e já nas primeiras páginas nos deixa confuso sobre o que somos, o que sentimos e o que deveríamos ser e sentir; se é que deveríamos alguma coisa.

 "— Cuidado! Pensar é perigoso, principalmente para quem quer morrer. Se quiser se matar, não pense. Não pense! Porque, se você pensar, vai perceber que quem se mata comete homicídios múltiplos: mata primeiro a si, e depois, aos poucos, os que ficam. Se pensar, entenderá que a culpa, os erros, as decepções e as desgraças são privilégios de uma vida consciente. A morte não tem esses privilégios!"

 Logo que Júlio aceita segui-lo, o mestre mostra a platéia que esperava ver um corpo esmagado no chão o quanto o ex-suicida está vivo e possivelmente mais vivo que eles. Com um carisma inegável e sabedoria em tudo o que fala, logo o mestre ganha a platéia, os faz falar sobre seus tormentos e coloca todo mundo para dançar! O homem mal vestido, que ninguém sabe o nome nem de onde vem, tem quem quiser nas mãos com sua fala.
 E é nessa dança que o Mestre encontra seu segundo seguidor: um bêbado. Júlio César, que antes de pensar em suicídio era um importante professor, fica pasmo com a ideia de seguir um velho sujo e um bêbado por onde quer que eles andem; mas, sem ter para onde ir por culpa da vergonha, acaba conseguindo coragem o bastante para dormir debaixo de pontes e viver a vida de um jeito que nunca tinha pensado.
 Mesmo numa cena onde deveríamos ainda estar nos adaptando ao personagem principal, Cury joga informações ao vento, filosofias, criticas e perguntas perturbadoras rápido demais. Acho que esse foi um ponto pelo qual o livro não me atraiu tanto: não temos tempo de digerir! Mesmo que eu conheça o assunto, mesmo que eu saiba do que eles falam, as palavras difíceis e a rapidez em que são jogadas as perguntas me fez ficar tonta. Li cada uma delas pelo menos duas vezes, mas não absorvi nem a metade. Acho que ele poderia ter colocado mais que 300 páginas para não sufocar os leitores, mas também acho que a intensão foi essa. Eu só não gostei da sensação.
 No decorrer da história, o Mestre conquista seguidores fiéis e logo chega a fama. O homem, que parece não se abalar com nada, faz muitos amigos e não vê diferenças entre as pessoas. Se uma prostituta lhe pede conselhos, ele os concede da mesma forma que faria ao presidente.
 Outra coisa que, se você reparar, dá para perceber, é o uso das aspas. Algumas palavras vem entre aspas e quando o leitor se acostuma ao termo, elas simplesmente deixam de aparecer. Além disso, algumas coisas sobre o Brasil me saltaram aos olhos.
 Conforme o movimento de "vender sonhos" ganha força, muita gente perde dinheiro. O Mestre critica o sistema de uma forma inteligente, fazendo modelos internacionais correrem das passarelas e executivos terem conferências em lugares nunca imaginados. É claro que muita gente não gosta disso, e sim, lhe preparam uma emboscada das feias.
O livro inteiro te faz perguntar a si mesma se o Mestre é um louco ou um gênio. Eu não acredito que para ser uma coisa tenha que excluir a outra, e há momentos em que gostei bastante de pensar assim. Você pega carinho por alguns personagens e começa a entender e odiar outros, tudo ao mesmo tempo. É uma relação linda de amor ao próximo, a exemplo da bíblia. Não sou religiosa, mas bati palmas para a visão que o autor passou de Deus.
 Ao mesmo tempo, poucas coisas foram imprevisíveis. Talvez eu esteja assistindo CSI demais, mas já sabia o grande final na metade do livro! Acho que fica bem claro.
 É uma leitura difícil, mas vale a pena. Eu gostei bastante de ter lido e vou encarar o desafio do próximo volume (mas da próxima vez, com um dicionário por perto).

 É isso, gente! Alguém aí já leu?

8 comentários:

  1. A DO RE I as citações que você escolheu!
    Reconheci logo o autor pelo nome do livro!

    juliamodelodemodelo.blogspot.com

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    1. Você já leu, Ju? Essas citações são bem do comecinho, mas ele é recheado de frases como essa!

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  2. se te disser que tou há dois anos pra passar as primeiras paginas desse livro você acredita? Eu amei!Mas mexeu muito comigo, muda a estrutura de uma pessoa...vou arranjar força pra ler tudo. Tou te seguindo.
    http://essenciaismakeupeoutrospormartav.blogspot.pt/

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  3. Não tinha ouvido falar, mas já entrou pra minha wishlist.
    Assim não dá viu, moça! Tanta resenha de livro bom no teu blog que a minha lista ta ficando maior que a do papai noel u.u

    Ah, já coloquei teu banner lá no meu blog :D
    http://luaemfases.blogspot.com.br/

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    1. Oi Lua, tudo bem? Eu espero que o papai noel te atenda e-e
      Vou fazer um post anunciando a nossa parceria qualquer dia, mas eu já vou postar o seu ali ^_^

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  4. Ainda não consegui ler o livro, mas sou apaixonada por Augusto Cury! Amei a resenha, flor.
    Beijos, Scar.
    http://wonderlandmundodoslivros.blogspot.com.br/

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