23 de agosto de 2013

Resenha: A última carta


Em 12 de agosto de 2000, um acidente com o Submarino russo Kursk fez com que 118 marinheiros ficassem presos sem que houvesse tempo para salvá-los. Quando finalmente os corpos foram resgatados, no bolso do uniforme de um deles, foi encontrada uma mensagem para sua mulher, escrita nas poucas horas que lhe restaram. Esta obra mistura a angústia de um homem cujo tempo está acabando com lições que ficam mais claras quando a vida está por um fio. Intensa, forte, apaixonada, esta carta é o ponto de partida para uma reflexão sobre a sua vida.
Você nunca ouviu falar desse livro? Tudo bem, não faz mal, eu conheci sem querer também.
Não ta afim de ler bla bla bla? Pula lá para baixo, para onde está escrito em negrito. Mas se tiver com saco, por favor, leia tudinho.
 Eu assisti algumas aulas de religião (o que é uma coisa rara, porque eu quase não assisto aulas e quase não tenho religião) no primeiro ano em que a professora tinha o dom de contar histórias. O legal é que a aula deveria ser sobre deuses e afins (pelo menos é o que eu penso), mas ela focava nos homens. A professora chegava na sala, cumprimentava todo mundo e dizia que ia contar uma história. Pegava um livrinho surrado, finiiiinho, abria numa página qualquer, passava o olho e sabia o que iria dizer. Tinha todo o discurso na mente e as palavras iam surgindo como se ela estivesse conversando com um amiga intima, na frente de quarenta cabeçinhas bagunceiras que se calavam, sorriam e choravam com seu discurso e que não a abalavam nem um pouco. Quando a história terminava, não tinha uma mão sequer na sala que não estivesse batendo palmas. E para um professor arrancar aplausos de um aluno de ensino médio ele tem que ser bom, não é?
 Um dia, quando eu não ia mais ter aulas com ela, eu quase chorei (mas eu sou chorona mesmo, então não é tão depressivo assim). Sempre tive curiosidade em saber que diabo de livro era aquele, que ela sempre carregava com ela, mas eu nunca conseguia ler o nome. Não dava para perguntar também, porque a professora era tão querida que quando acabava a história os alunos iam todos puxar papo com ela. Eu nunca quis enfrentar aquela manada de fãs só para perguntar o nome de um livro, sempre achava que podia ficar para a próxima. Me arrependo de não ter perguntado antes.
 Nos últimos dias de aula, perguntei. O nome do tal livro era "A última carta do tenente". Pô, bacana heim, nunca ouvi falar. Daí comentei com uma colega e ela disse que tinha esse livrinho empoeirando em casa, que nunca tinha lido. Pedi emprestado para saber como era, mas no dia seguinte vieram as férias e eu só lembrei do livro quando minha amiga me cobrou, lá no comecinho do segundo ano (comecinho para mim é março). Eu disse para ela que tinha lido e esquecido em casa, que traria no dia seguinte (desculpa, Bia, fiquei com vergonha). Daí, como o livro ainda estava na minha mochila (por que eu ia mexer na mochila nas férias? ah não) li na hora do recreio mesmo, para não esquecer mais.
 Eu tenho menos que meia hora de recreio na escola, e esse recreio em especial, foi o mais úmido da minha vida (chorei mais do que quando eu não podia sentar para lanchar com as meninas legais, na quarta série).
O livro só tem 50 e poucas páginas,  e é realmente uma carta. Uma carta de 50 páginas, escrita por um homem em suas últimas horas de vida, preso em um submarino junto com mais um monte de marinheiros que sabiam que não haveria tempo para que ninguém pudesse os salvar. Quando finalmente deram um jeito de os resgatar, todos eles já haviam morrido. Dentro do bolso do tenente, havia uma carta.
 Até hoje não sei se o livro se chama "A última carta do tenente" ou "A última carta", porque tem duas capas e não lembro mais qual delas estava no meu. Sei que são do mesmo autor, então acho que fica só o "do tenente" escondido.
 Ele escreve para todas as pessoas mais importantes da vida dele. Para a esposa, para a mãe, fala do pai. Se despede com maestria e em apenas cinquenta páginas te deixa sufocado com perguntas que nunca vão sair da sua cabeça, mas que quando você achar a resposta, vai se sentir muito bem. É uma leitura muito rápida, mas o efeito dela é estrondoso. Questiona todas as coisas em que vivemos e acreditamos, e você tem que dar o braço a torcer e aceitar que ele está certo. Balança o coração de qualquer um.
"Parei de procurar quem criasse muros e me dediquei a encontrar quem criasse portas, pontes e janelas"
 Essa frase, ou algo assim (não tenho o livro, desculpe, nunca consegui comprar) foi a minha favorita do livro. Tem outras bem melhores, mas eu costumo favoritar aquilo no qual eu me identifico. Ele escreve isso para o pai, acho, mas em todos os casos em que o cara fala do pai, é para minha mãe que a mensagem serve. Depois que o meu pai morreu, raramente nos falamos. Abraços, só no aniversário e no natal. Ela se tornou uma pessoa fechada e eu uma pessoa que ficava put* da vida com isso.
 Esse livro fez com que eu criasse uma amizade com a minha mãe. Quando eu cheguei em casa, depois de ter lido no recreio, falei para ela que queria que ela lê-se aquilo a tarde. Curiosa, por eu raramente me dirigir a ela, ela leu. Engoliu o livro, praticamente, tal como suas lágrimas; mas algumas lhe escaparam, e eu prefiro acreditar que foi na parte em que passei o marca texto (desculpa aê de novo, Bia!), ou seja, nessa frase.
 Acredite, se em cinquenta páginas o livro fez com que alunos (vulgo macacos) se calassem e aplaudissem e com que a minha mãe (minha mãe!!!!) chorasse, o livro vai te tocar de verdade.
 Espero que gostem!

16 comentários:

  1. Ahn, pelo que li, o livro parece ser uma delícia de ler!
    Amo histórias assim, de amor, esperança e claro, que te faz chorar, amo me comover com a história do livro!
    Esse livro A Última Carta já está na minha lista de compras! *--*
    Beijos linda. ♥

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  2. Parece ser mt bom este livro!
    tips-foryou.blogspot.com

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  3. Só pela sinopse já achei incrível e quero muito ler...
    Amo amo amo livros e me interessei super por estes ^^
    Flor, me identifiquei com o conteúdo do seu blog e já estou te seguindo =)
    Grande beijo S2

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  4. Esses livros que a gente não dá nada, geralmente são aqueles que mais nos surpreendem. Espero conseguir ler alguma dia,parece muito bom.
    Tô seguindo seu blog, amei o jeito como você escreve. Te convido a conhecer o meu também, você será super bem vinda lá, se gostar, ficarei muito feliz se me seguir de volta.
    Beijo,
    Scar.
    http://wonderlandmundodoslivros.blogspot.com.br/

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    1. Queria eu que fosse todos assim, sabe? Mas nem sempre. Ás vezes a gente não liga e o negócio é chato mesmo, ás vezes o negócio é chato porque a gente não liga...
      Claro que vou lá!

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  5. Esse livro parece ser muito bom!!!
    Bjos flor
    http://www.belezanomundo.blogspot.com.br

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  6. Olá, tudo bem? Conheci seu Blog no grupo Aprendiz de Blogueiros (as), onde sou administrador junto com Lânia e já estou te seguindo. Quero te convidar a participar de um sorteio legal, em parceria:

    BLOG: http://www.reginaldosillva.com/2013/08/sorteio-cd-de-jorge-vercillo-livro.html


    SUCESSO!

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    1. Oi, obrigado por me aceitar lá! Vou correr p seu blog agora :)

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  7. Sou apaixonada por cartas!
    Tem um livro que eu quero muito ler, que tem um nome parecido.
    A última carta, de amor.

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    1. Eu li resenhas sobre esse, parece muito bom também!

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  8. Josy super curti a dica!
    Ótima resenha!
    Bjus!

    // Senhor do Século //

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