A doença do século é a ignorância
Tem dias que você acorda bem. Sabe que vai ter um dia longo pela
frente, e tem tudo o que tem que fazer de cabeça, não enrola para se levantar,
corre para sair e, de repente, para. Você congela.
A
história se repete regularmente. Ninguém sabe o que está acontecendo: você,
porque não sabe de onde vem esse medo irracional; e principalmente as pessoas,
já que você não as deixa saber de nada. Se volta para casa, não pode dizer para
sua família que não tem coragem de ir lá fora, que não quer que ninguém te veja
assim - você tem que dizer que recebeu uma mensagem dizendo que o professor
faltou, que a sua chefe disse que deveria tirar suas horas extras hoje para
fechar o ponto do serviço. Quando se faz isso por semanas, as pessoas começam a
perceber que tem algo errado com você.
O médico falou que eu estou em uma
condição diferente dos demais. Eu pedi uma explicação e recebi uma resposta
simples: Ansiedade, depressão leve e o pior de todos: sociofobia. Eu não
conhecia esse termo. Uma fobia é um medo persistente e irracional de um tipo de
objeto, animal, atividade ou situação, ou seja, algo que você
entende que não tem razão para ter pavor e continua tendo. Sabe do que eu tenho
fobia? De gente.
Mesmo que possa nos melhorar, não
é simples falar com as pessoas. Criamos um monstro. Um
monstro que faz perguntas e ele tem o rosto de todos os desconhecidos na rua,
de todos os colegas de trabalho, professores e até da sua família. Um monstro
que te faz lembrar, a cada fração de segundo, de duas simples perguntas: o que
você está fazendo perto de mim e o que você acha que eu tenho que melhorar
agora?
Por isso, acaba se isolando de tudo por
medo de ser ferida, e isso te piora gradativamente. Você odeia ficar ali,
presa, sozinha, e também odeia que qualquer pessoa te ajude por não querer
prender elas a isso também. Não está feliz em sair, mas não está feliz em ficar
em casa. Quer sair do trabalho para ter mais tempo de tentar viver e se
desespera em pensar no que pode causar a si mesma com tanto tempo livre.
Isso não
vai sair no seu exame de sangue, fezes, ultrassom - mas é real. Afeta as
pessoas de dentro por fora, como um vírus. É tão forte que tem remédios para
controlar - isso mesmo, controlar- as pessoas que sofrem com isso. Não se
controla o que não se oferece risco. Quando falam disso, tudo o que as pessoas
dizem é "isso é besteira", "só tenta relaxar",
"levanta", "esses remédios vão te fazer mal", " isso é
falta de Deus". Percebe? É sempre sua culpa. É sempre como se você não se
esforçasse o bastante, se faltasse os compromissos por preguiça, se você fosse
fraca e não que estivesse fraca. As pessoas nunca dizem que querem que fique
melhor, que vão te indicar um tratamento, que vão rezar para você conseguir se
curar. As pessoas vêem isso todos os dias, está estampado na cara delas. Todo
mundo percebe quando há algo de errado com alguém, independente de quão bom
essa pessoa seja em esconder o que sente. Sempre tem um momento onde estes
ficam vulneráveis e a depressão/sociofobia intensifica isso.
Eu não
estou dizendo que você é responsável. Talvez nunca tenha tido que escolher
entre alguma droga e ficar completamente sozinha. Você pode sim, e muito bem,
não ter nada a ver com isso: o que estou dizendo a você é que essa é uma doença
formada por opiniões. As pessoas desenvolvem um distúrbio por
medo de opiniões em geral. Por que você acha que expor a sua a plenos pulmões
não pode agravar essa situação?
Não tem
porque menosprezar uma pessoa que já faz isso com ela mesma. Não tem porque
olhar torto, deixar para lá e não se importar com ela. Se é alguém que você tem
o mínimo de carinho, você deve saber que estar assim não é culpa sua e nem
dela.
Por favor, não peça para abandonar esse
monstro como se ele não fosse parte de nós mesmos. Ajude a não precisar mais
dele.
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